terça-feira, 18 de novembro de 2008

Porque de génios e de loucos todos temos um pouco…


…Tudo é uma questão de interpretação, ou como costumamos dizer, múltiplas visões! E quem determina o ponto a partir do qual um determinado comportamento é a manifestação de uma patologia ou, pelo contrário, é apenas uma prova da nossa “normalidade”? Desde sempre houve necessidade de distinguir e dividir, de uma forma clara, estas duas categorias, assumindo esta categorização, uma vertente de estigmatização e rotulação para aqueles que, supostamente, se desviavam da norma. Neste sentido surgem formas estandardizadas, socialmente assumidas, de a realizar. Mas porque haverá esta necessidade, temporalmente transversal e cultural e socialmente estabelecida, de distinguir entre “loucos” e “normais”? Esta não é uma questão dos dias de hoje… Actualmente é apenas um aspecto inflacionado pela indústria farmacêutica que procura “tratar” as patologias diagnosticadas. Como vimos anteriormente não existe uma receita para a “perfeição” do sistema. “Não há sistemas certos ou errados” (Relvas2000), pois dadas as suas características únicas, um sistema “é o que é” (Boscolo et al. 1993, cit in Relvas, 2000). Apesar disso existe uma tendência geral para tentar definir e determinar, de forma peremptória, se um sistema (seja este individual ou familiar, por exemplo) funciona correctamente ou não. Dar-se-á espaço aos implicados para que nos permitam aceder as narrativas da “sua” realidade para que possamos aceder ao contexto que os rodeia e às interacções que estabelecem entre si? Porque se o sistema está em sofrimento, bloqueado no seu funcionamento (tentando ajustar-se perante a perturbação que ocorreu num dos seus níveis de funcionamento), transmite-nos (a nós terapeutas) o sintoma sob a forma de uma mensagem que nos abre as portas à compreensão do funcionamento do sistema e dos elementos que o constituem. Conhecendo o sintoma e avaliando-o nos seus três níveis de compreensão (semântico, sintáctico e pragmático) conseguimos atribuir-lhe um novo sentido, e consequentemente levantar algumas hipóteses que, durante o processo terapêutico, vamos explorando e afinando, tendo sempre como objectivo criar condições informativas para que o sistema opere a mudança necessária e encontre o equilíbrio que procura.


"It's an insane world and I'm proud to be a part of it.”

(Bill Hicks)


Um comentário:

Anônimo disse...

bem, faltaria uma referência à questão do valor do diagnóstico. Vamos ver se surge à frente
APR