Mudança tipo I e II - o Reenquadramento
terça-feira, 21 de outubro de 2008
"Mudar...Crescer...Viver"
Como a Escola de Palo Alto teorizou, mudança e permanência são faces da mesma moeda, estando o sistema a “mudar” constantemente. Nunca poderemos afirmar que um sistema não muda. No entanto essas mudanças não são qualitativamente iguais. Por vezes, e porque o sistema também precisa de algum estado de equilíbrio, é necessário introduzir mudanças de tipo I, as chamadas “mudanças para a não mudança”. Quando esse equilíbrio não é mais possível o sistema atinge um ponto de bifurcação, a partir do qual é necessário introduzir mudanças de segunda ordem. Neste sentido podem ocorrer também mudanças ao nível do contexto de interpretação de um determinado acontecimento – reenquadramentos. São essas mudanças que permitem ao sistema alcançar estádios qualitativamente superiores e mais complexos, ou sejam, “crescer”. Ora se a não mudança de um sistema terá como consequência a sua morte, todo este processo de alteração e crescimento poderá apenas determinar a “vida” (e quiçá reprodução) dos sistemas em questão.
Problema dos 9 pontos

segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Máquina Registadora - Análise Crítica
Posto isto é possível afirmar que o reenquadramento realizado foi possível uma vez que houve uma compreensão precisa das regras de funcionamento do sistema e uma definição clara das mudanças desejadas, ao mesmo tempo que

Máquina Registadora - Exercício
História:
“Um negociante acaba de acender as luzes de uma loja de calçado quando surge um homem a pedir dinheiro. O proprietário abre uma máquina registadora. O conteúdo da máquina registadora é retirado e o homem corre. Um membro da polícia é imediatamente avisado ”.
Afirmações:
F - Um homem apareceu assim que o proprietário acendeu as luzes da sua loja de calçado;
V - O ladrão foi um homem;
F - O homem não pediu dinheiro;
V - O homem que abriu a máquina registadora era o proprietário.
F - O proprietário da loja de calçado retirou o conteúdo da máquina registadora e fugiu;
V- Alguém abriu uma máquina registadora;
V - Depois, o homem que pediu dinheiro apanhou o conteúdo da máquina registadora, fugiu;
? - Embora houvesse dinheiro na máquina registadora, a história não diz a quantidade; F O ladrão pediu dinheiro ao proprietário;
F - A história regista uma série de acontecimentos que envolvem três pessoas: o proprietário, um homem que pediu dinheiro e um membro da polícia;
? - Os seguintes acontecimentos da história são verdadeiros: alguém pediu dinheiro –uma máquina registadora foi aberta – o seu dinheiro foi retirado e um homem fugiu da loja.
1.Elabore uma história em função das informações disponíveis:
Como habitualmente o funcionário e o proprietário da sapataria preparavam-se para abrir a loja quando foram surpreendidos por um homem que, agressivamente, lhes pediu dinheiro. Assustado o proprietário abre a máquina registadora de onde retira uma arma de fogo que aponta ao ladrão, que por sua vez, foge. A polícia é chamada para registar a ocorrência e para solicitar o aumento da vigilância na zona comercial.
2.Quais os elementos decisivos para essa ter chegado a essa “conclusão” – a história, as afirmações, outros?
As nossas interpretações pessoais, que foram baseadas na história e nas afirmações apresentadas.
3. O que conclui sobre a “realidade” desta história?
A “realidade” que nos foi apresentada é ambígua. A partir de pequenas alterações estruturais a história final alcançou este sentido.
Bibliografia:
Alarcão, M.. (2000). (Des) equilíbrios familiares. Coimbra: Quarteto Editora.
Watzlawick, P.; Wickland, J. & Fish, R. (1975). Changement paradoxes et psychothérapie. Paris: Ed. Duseuil.
Sequeira, J. (2003). Caleidoscópio terapêutico:mudança e co-construção em terapia familiar. Dissertação de mestrado em Psicologia (Psicologia Clínica do Desenvolvimento). Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação - Universidade de Coimbra, Coimbra.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
"Para além do infinitamente complexo, onde apenas chega o olhar..."

"Visões Múltiplas"
Durante a realização deste exercício, e partindo exactamente da mesma história inicialmente apresentada, foi possível obter três narrativas distintas, de acordo com o ponto de vista adoptado (Sr. António, revisor ou passageiro habitual do comboio). E foi extremamente interessante verificar que a mesma descrição de uma sucessão de acontecimentos foi interpretada de forma tão diferente pelos três participantes, comprovando, deste modo, que as nossas interpretações são sempre subjectivas. Estas foram influenciadas não só pelo papel de cada personagem que adoptamos, mas também pelas informações que nos foram fornecidas. Assim, nenhuma história se revela mais válida do que as restantes, uma vez que a única coisa a que temos acesso é às interpretações de cada personagem e não à realidade objectiva. Uma vez que não temos acesso directo e objectivo à realidade podemos apenas construir a nossa própria leitura, tendo consciência de que a nossa visão será sempre subjectiva (Construtivismo). Essa construção terá sempre por base os referenciais socioculturais que vamos adquirindo na interacção com os outros e que vão servindo de “filtro” às nossas interpretações (Construcionismo Social). Daí que uma única situação permita visões múltiplas…
"Visões Múltiplas" - História Apresentada
Certo dia, estando já acomodado e aguardando a partida do comboio, é surpreendido pelos gritos de um homem de meia-idade, de aspecto tresloucado que se dirige na sua direcção, ocupando o acento disponível ao seu lado. Repara então que se fez silêncio absoluto e que todos os passageiros observavam com atenção. O homem tresloucado interrompe os gritos e começa a recitar um monólogo intercalado com perguntas, às quais o Sr. António não dá resposta. Envergonhado e constrangido com a situação, no silêncio do seu pensamento pensa numa forma de se livrar daquele embaraço- Ignoro-o, não respondo e olho para a janela, ou me levanto e mudo de carruagem?”. Depois de tentar a primeira hipótese e de verificar que a mesma não dava resultado, pois o homem tresloucado continuava com o mesmo discurso filosófico incoerente, levanta-se e dirigi-se para outra carruagem. Naquele momento e enquanto se afastava, propagou-se por toda a carruagem uma forte onda de aplausos. “Ainda aplaudem pelo facto deu não ter suportado a companhia daquele homem! Que falta de educação. ..”- pensou o Sr. António. Já sentado noutra carruagem e corado de vergonha, o Sr. António tenta destilar a sua perplexidade e confusão. Enquanto pensava no sucedido é surpreendido pelo revisor que sorrindo lhe pergunta: “Então?! O que achou da cena?... foi divertido, não?!”. “Nem lhe respondo... Como podem permitir isto e ainda por cima achar divertido! !?”- Contesta o Sr. António chateado. “Mas você está a discutir comigo? Como se atreve? Se não estava a gostar ninguém o obrigava a estar ali. ..”- respondeu o revisor. A discussão prolongou-se num tom de agressividade crescente (...).
Num cartaz ali colocado podia-se ler: “vamos levar o teatro ao comboio”. No entanto, o Sr. António, nunca o chegou a ler.
Nos dias seguintes, o Sr. António, que já era uma pessoa tímida, evitou falar com os outros passageiros pois pensava que todos o olhavam de forma diferente. Cada vez mais inibido e envergonhado, começou a isolar-se ainda mais e a não falar com ninguém. As pessoas que habitualmente se cruzavam com ele naquele comboio começaram a prestar mais atenção ao seu comportamento e quanto mais isto acontecia mais o Sr. António se sentia observado. Com o tempo, o Sr. Começou a evitar as pessoas. Estas, por sua vez, receosas e apreensivas também deixaram de falar para ele ao ponto de evitarem estar na sua presença (...). Em pouco tempo o Sr. António tinha-se tornado no centro de todas as conversas. Uns especulavam que estava a ficar louco, outros abstinham-se de comentários, mas todos se mantinham interessados nos vários comentários balbuciados (...).