terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O essencial é visível aos olhos…Mas, por vezes, é necessário vê-lo sob outras lentes…

Se pensarmos num sistema como a soma de diferentes elementos que mantém entre si uma padrão relacional e comportamental, regendo-se através de um conjunto de regras e funções por si definidas, percebemos, desde logo, que iniciar um processo terapêutico com um sistema implica pensar em termos das relações e interacções que se desenvolvem no seu seio. Neste sentido, e se tivermos em conta uma manifestação sintomática por parte de um elemento do sistema, verificamos que, como já referimos na temática anterior, o sintoma assume a forma de uma mensagem, dando-nos a conhecer o funcionamento não só do sistema mas também dos indivíduos que o constituem, apresentando-se, desta forma, como uma forma de compreensão das ligações dos diferentes elementos ao mesmo. Assim, o essencial apresenta-se mesmo diante dos nossos olhos, na medida em que todos nós termos acesso a manifestações relacionais e comportamentais por parte dos elementos do sistema. No entanto, a leitura destas informações não está ao alcance de todos e é aí que entras as “outras lentes” do terapeuta, que pensa no sistema em termos das relações, construindo hipóteses sistémicas, i.e., elaborando suposições acerca do funcionamento e organização deste e, consequentemente, planeando, determinando e controlando o movimento de mudança que deverá ser encetado como forma de resolver a dificuldade que se afigurou ao sistema e que o mantém preso no seu próprio funcionamento. Vendo esta realidade com “outros olhos” o terapeuta inicia, então, com o sistema um processo de co-construção da hipótese sistémica, desafiando, não só, as leituras rígidas elaboradas pelo segundo com também as noções prévias do primeiro. Desta forma, o terapeuta como catalizador da mudança deverá ser capaz de introduzir o diferente e o inesperado, ou seja, um novo ângulo de visão, resultante de uma reorganização da informação existente, impedindo, desta forma, que o sistema imponha a sua hipótese que neste momento bloqueia o seu funcionamento. Só quando se reúnem, encaixam e influenciam todas estas visões é que se torna possível criar um novo “mapa” explicativo do sistema, que resulta de uma interrelação entre os constituintes do sistema terapêutico que permite a articulação das diferentes possibilidades de narração de uma mesma realidade, i.e., as múltiplas visões possíveis e que não podem ser analisadas tendo em conta apenas um olhar…

Um comentário:

Anônimo disse...

boa introdução; pessoal reflectida mas fundamentada. Gostei